Belém não respeita o meio ambiente e sofre as consequências

O aniversario de 398 anos de Belém foi marcado por chuvas e inundações. Muitas ruas alagadas e os canais transbordando prejudicaram a vida das pessoas. A Prefeitura apela para que os moradores colabore e não joguem lixo nos canais. Essas cenas se repetem anos após anos aqui na nossa cidade. Os urbanistas formados pela Universidade Federal do Pará e os planejadores urbanos não encontram soluções definitivas para que Belém conviva em harmonia com a água. 


Tudo parece ter começado em 1771. Nesse ano, o engenheiro alemão Gaspar Gerardo Gronfelts cogitou aproveitar a existência dos igarapés no plano de transformação da cidade. O Plano urbanístico de Gronfelts era transformar Belém numa nova e Veneza, na verdade bem mais bela que a cidade italiana, respeitando os canais e igarapés segundo a bacia hidrográfica. Para isso, desejava manter e interligar todas as bacias, incluindo a histórica bacia do Piri. 

O Conde dos Arcos não quis transformar Belém numa segunda Veneza. Achou melhor eliminar o enorme igarapé do Piri, encarregando, para isso, o engenheiro João Rafael Nogueira. Assim, aos poucos o grande igarapé foi desaparecendo e no seu lugar surgir o canal da Tamandaré. 

O modelo Gronfelts que respeitava o meio ambiente foi esquecido e todas as bacias hidrográficas da cidade de Belém foram transformadas em canais, segundo o modelo Nogueira. Até o histórico igarapé onde Plácido encontrou a padroeira dos paraenses foi canalizado sem a menor cerimônia. Os canais viraram valas para onde o lixo e os entulhos produzidos pela população acabam se deslocando e alagando as ruas das proximidades. 

Aqui no centro, a bacia hidrográfica do Piri, composta pelos igarapés e canais do Piri, Reduto, das Almas.  A bacia do Una. A bacia da Estrada Nova. A bacia do Tucunduba. A bacia do São Joaquim. São bacias que devem ser estudadas e reorganizada, respeitando-se o perfil natural desses cursos d'água. 

Belém, segundo o urbanista Alcyr Meira, nunca contratou os serviços de especialistas para fazer o seu perfil geológico e sem o perfil geológico fica difícil resolver os problemas urbanos e a própria recuperação ambiental das áreas. Estamos autorizando e construindo casas, prédios e equipamentos urbanos onde antes eram o caminho das águas. O resultado ainda será mais danoso para os homens e a natureza. 





 

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