O bairro da Terra Firme, um enclave entre Canudos e a Avenida Perimetral, onde se alojou a pobreza e a violência. Hoje estive lá, reuni com lideranças para conversar sobre a arborização do Bairro. É que a equipe da Semma esteve no Bairro para levantar locais que podessem receber a nova arborização da Cidade, justamente na Semana do Meio Ambiente, mas não foi encontrado espaço, em decorrência da ocupação desordenada.
O padre Bruno Sechi aproveitou a nossa visita para repassar o documento da Caravana Pela Paz, denominado "Um Novo Olhar Para a Terra Firme". Este movimento reune todas as Igrejas e Lideranças do Bairro. Está prontinho para ser executado. O documento é um pouco longo para um Blog, mas, como é interessante, quebro a regra e o reproduzo aqui.
UM NOVO OLHAR SOBRE A TERRA FIRME
Para os próximos dez anos.
(UMA GRANDE CARAVANA DE PAZ)
O bairro da Terra Firme tornou-se palco de muitas atenções, em face do grande índice de violência que atinge a população.
É de conhecimento público o fato que esta situação é resultante da falta gritante de políticas sociais que efetivamente privilegiem a dignificação das condições de vida dos moradores do bairro.
Entretanto constatamos uma grande ausência do poder público e, consequentemente, um altíssimo índice de carências em direitos fundamentais da pessoa humana.
O problema da violência do bairro jamais será superado apenas através de ações em segurança pública, e sim numa ampla estratégia de curto, médio e longo prazo que possibilite efetivamente uma vida mais digna para todos através de investimentos públicos adequados e responsabilidade social por parte dos vários segmentos que atuam no bairro.
“Eu vim para que todos tenham vida, e vida em plenitude”!
Movidas por esta exigência evangélica, as igrejas presentes no bairro provocam uma grande caravana da Paz, convocando a todos, movimentos sociais, grupos organizados, empresas e moradores em geral para que seja construída a verdadeira Paz, na valorização, respeito e dignidade de todos, com respostas concretas aos desafios que o bairro apresenta.
1. Dignidade na Educação
Creches: implantação de 10 novas creches, para atendimento, em tempo integral, de no mínimo 1.000 crianças em situação e áreas de risco.
Pré-escola: plano de implantação e implementação.
Qualidade no Ensino fundamental e médio.
Valorização dos Professores; turmas de no máximo 30 alunos; Criação de Grêmios estudantis em todas as escolas; Associações de pais; Fazer de cada Escola um espaço de paz.
Implantação de 3 novas escolas públicas para suprir falta de vagas.
Cursos pré-vestibulares, populares, para jovens.
2. Dignidade no Saneamento e Urbanização
Acabar com os becos, a partir dos mais problemáticos, remanejando as famílias.
Arruamento do bairro, possibilitando trânsito em todo ele.
Iluminação pública adequada.
Cinco novas praças: Final da rua Ligação; Nova Terra Firme; Área do Tucunduba; Conjunto do curtume; Próximo à Cipriano Santos.
DRENAGEM DO TUCUNDUBA com áreas de lazer nas margens
“Uma árvore em cada casa”
Limpeza Pública diária
Abastecimento de água.
3. Dignidade na Habitação
Remanejamento de, no mínimo, 900 famílias através da Construção, no próprio bairro, de prédios de apartamentos ou casas populares para as famílias remanejadas.
Melhoria das residências disponibilizando material para reforma e pintura das casas.
4. Dignidade através da Cultura e Esporte
Três centros culturais e esportivos: Curtume; Nova Terra Firme; Atual Bom-Bar.
Disponibilização de espaços públicos com programas culturais e esportivos: UFRA; UFPA; Escolas aos Sábados e Domingos.
Formação e estímulo a Núcleos de musicalização, Grupos de melhor idade, Incentivo e apoio aos grupos culturais do bairro, Bibliotecas comunitárias, Brinquedotecas, Ruas de Lazer e convivência.
Envolvimento de estagiários de Educação física, biblioteconomia, arte-educação, entre outros.
5. Dignidade através da Geração de trabalho e renda
Cursos profissionalizantes nas escolas, de noite e finais de semana
Programa “Adolescente aprendiz” nas empresas do bairro
Crédito para micro empreendedores
Implementação do programa “bolsa trabalho” para jovens
6. Dignidade na Assistência:
Criação de Abrigo-família, para famílias com necessidades especiais.
Combate à desnutrição, com bancos de alimentos e outras medidas.
Programas de renda mínima.
Eliminação do trabalho precoce com estratégias adequadas.
7. Dignidade na Saúde
Ampliação de programas existentes, como combate à dengue, saúde família e outros.
Atenção especial e portadores de HIV
......
8. Responsabilidade social
Estímulo ao Voluntariado do próprio bairro: Nas escolas, creches e praças, Nas bibliotecas e brinquedotecas (Contadores de histórias, Palestras temáticas e outras atividades.)
Empresas do bairro, através de Apadrinhamento de Creches, Cursos profissionalizantes, Escolas, Praças, Grupos culturais.
Igrejas:
Palestras nas escolas sobre valores, família, espiritualidade;
Desenvolvimento de atividades formativas para crianças, jovens, pais;
Estímulo a atividades culturais e formativas em seus espaços
9. Dignidade na Segurança pública
Guardas municipais nas praças e centros culturais
Inteligência policial: investigação sobre corrupção policial, sobre focos de marginalidade (bocas de fumo, exploração e/ou aliciamento de crianças e adolescentes, comércio de armas), sobre crime organizado.
Policiamento ostensivo, sistematicamente presente nas áreas de maior ocorrência de crimes.
Fiscalização sistemática de bares e casas de diversão (poluição sonora, consumo e tráfico de entorpecentes, presença de crianças e adolescentes, etc.)
Aplicação da medida alternativa de prestação de serviços à comunidade para os detentos do bairro, com baixa periculosidade: pintura ou manutenção de escolas, praças e outras instalações comunitárias, jardinagem de praças e ruas, entre outros.
Aplicação dessas medidas também para adolescentes infratores do bairro.
10. Dignidade e Cidadania
Formação de agentes comunitários de cidadania
Cursos de Fé e Política nas Igrejas
Grêmios estudantis em todas as escolas
Criação, através da organização dos moradores, de áreas geográficas de paz.
ESTRATÉGIAS DE IMPLEMENTAÇÃO, NO ARCO DE 10 ANOS.
Organização de audiências públicas com os setores públicos responsáveis para definição de compromissos, metas e prazos com Termos de Ajustamento de conduta.
Definição de compromissos por parte da sociedade organizada, através de mobilização e seminários setoriais:
Empresários, Universidades, Escolas, Igrejas, Centros comunitários e associações de moradores, entre outros.
Implantação de um sistema de monitoramento periódico com indicadores de resultados.