O episódio da denúncia publicada pela Revista Veja sobre o Senador Renan Calheiros, fez voltar a baila a chamada invasão de privacidade das pessoas que exercem cargos públicos. De fato é tênue a linha que separa os dois mundos. Tão tênue que muitos administradores públicos fazem uma tremenda confusão.
Contratam parentes para o cargo de confiança, e quando questionados, justificam com pérolas como a que disse um certo senador para explicar a contratação da esposa: "ela é de tamanha confiança que dorme na minha cama".
Houve caso de pagamento de despesas exclusivamente doméstica com verbas exclusivamente públicas, em fim, é muita confusão.
O Senador Renan Calheiros viu exposta sua realção extra-matrimonial, não por moralismo e por puro ataque a sua inimidade, mas por ter pago as despesas extra-conjugais com recurso suspeitos. Isso pode ser classificado como quebra de decoro.
Uma certa vez me perguntaram: o que é o decoro? tem alguma regra escrita para definí-lo? Depois de muito buscar, a melhor explicação que me foi dada é que um homem público deve ter um comportamento superior a média dos seus cidadãos.
Se os cidadãos não aceitam relações extra-conjugais, o homem público não pode tê-la.
Se os cidadãos não aceitam que o dinheiro de imposto seja gasto, a não ser em obras e serviços públicos, o homem público não pode usar estes recursos para financiar sua vida privada.
Se os cidadãos não aceitam que os cargos e mandatos seja utilizados para favorecimento privado, o homem público não pode ser agente de lobbystas.
O Senador Calheiros falou, explicou, mas ainda não provou, pois usou fatos e argumentos pela metade. Mas o Senado é soberano, vamos esperar.