Raimundo Moraes fala do Aurá e não aborda o Edital do Lixão

Hoje no Diário do Pará tem uma excelente entrevista do promotor de meio ambiente Raimundo Moraes. Raimundo aborda com bastante propriedade os conceitos da nova Política Nacional de Resíduos Sólidos e do Termo de Ajuste de Conduta assinado entre o MPE e as prefeituras da região metropolitana de Belém.

O lixo é um problema que tem solução e Moraes mostra como deve se fazer para chegar a essas soluções. O catador, chamado agora de reciclador, a coleta seletiva e a logística reversa são as chaves para os novos conceitos e formas de tratar aquilo que é descartado pela população. Implantar galpões; organizar e apoiar os catadores; coletar o lixo seco e úmido de forma separada, obrigar os revendedores de lâmpadas, eletroeletrônicos, pneus, óleo, embalagens… a implantarem posto de entrega dos produtos imprestáveis; é o que fará a diferença no tratamento adequado dos resíduos sólidos.

Para o Promotor Moraes, o Lixão do Aurá deve ser encerrado até agosto de 2014 e daí por diante seguirá o processo de recuperação ambiental da área, hoje completamente contaminada pelo anos de uso inadequado. Ele está correto na leitura apenas da lei, mas a realidade impõe adequações imprescindíveis que aponto aqui, para colaborar com o debate.

Três questões antes de fechar o Aurá: 1. A solução para o emprego e renda das 2.000 pessoas que dali -  indignamente - retiram o sustento para suas famílias, os catadores tem uma pauta aprovada em assembléia geral que já foi entregue ao prefeito Zenaldo Coutinho; 2. Manter a atividade de retirada de gás metano para tender o contrato de internacional de MDL; e 3. Encontrar outra área adequada para implantar o Aterro Sanitário nos padrões exigidos por lei. Lembro que a empresa REVITA, por ter um aterro sanitário já licenciado em Marituba, pode ser uma grande beneficiada no fechamento abrupto do lixão do Aurá, frustando a possibilidade de concorrência entre as várias empresas interessadas.

O que o promotor Raimundo Moraes deixou de comentar, acredito até por falta de provocação do jornal, foi sobre o edital da Concorrência Pública 09/2013, publicado pela Prefeitura de Belém para 
"contratação de pessoa jurídica especializada para a PRESTAÇÃO DE SERVIÇO DE OPERAÇÃO DE ATERRO SANITÁRIO PARA OPERAR O VAZADOURO DO AURÁ, NAS CONDIÇÕES DE UM ATERRO CONTROLADO, VISANDO SEU ENCERRAMENTO" 

O empresa vencedora será contratada, pelo período de 12 meses, para mascarar o cumprimento da PNRS, transformando o lixão em aterro controlado e para tanto, receberá o valor de 17 milhões. Pelo edital, o lixão continuará funcionado como hoje funciona apenas proibindo a presença de catador. O edital não aborda a coleta seletiva e nem garante a recuperação ambiental da área. 

A Prefeitura de Belém precisa de apoio para fazer as alterações no atual edital ou lançar imediatamente os outros para contratar os demais serviços, cumprindo assim a Lei Federal 12.305 e o TAC assinado com o Ministério Público, principalmente quanto  aos catadores e a recuperação ambiental. 



 

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