A gente luta tanto pelo aperfeiçoamento da democracia, mas as vezes parece que a coisa retrocede ao invés de avançar.
A Câmara Municipal é o poder fiscalizador no município. É ela que aprova o orçamento e fiscaliza os gatos do Prefeito, por tanto, quanto mais independente e isenta for, melhor para cumprir seu papel.
Ontem, último dia do ano, tive a infelicidade de ouvir um relato detalhado de um prefeito, vangloriando-se da sua esperteza para vencer a eleição da mesa diretora da câmara de "seu" município que me deu um enorme desânimo.
O prefeito tinha um candidato a presidente. Tinha um candidato a presidente do poder que lhe deve fiscalizar? Como assim?
Apareceu um outro concorrente com toda a chance vencer o pleito interno. O prefeito então organizou sua chapa e duas outras chapas laranjas. Escreveu três chapas e com isto amarrou nove votos de treze. Com esta manobrar, esvaziou completamente a possibilidade do concorrente até montar chapa para concorrer.
Na dia das eleições, as chapas laranjas, faltando poucas horas para o pleito, retiraram-se e a única chapa, aquela que o prefeito queria, venceu sozinha, garantindo o total controle do legislativo pelo executivo.
Os vereadores, que foram convencido$ a retirar suas candidaturas, saíram do pleito fortalecido$ para as próximas eleições.
O prefeito terminou o relato rindo, feliz com sua astúcia política. Eu fiquei triste por saber que isto acontece na maioria dos municípios, incluindo a capital. Os vereadores que deveriam ser independentes para poder exercer a fiscalização dos recursos, acabam sendo umas marionetes nas mãos do prefeito, permitindo toda sorte de desvios e de gastos irregulares.
O povo não é o culpado, uma vez que escolhe seus candidatos acreditando nos discursos e nas propagandas, mas é povo que tem a solução e um dia vai acabar acertando na escolha.