As mangueiras de Belém estão caindo

mangueiras

Cuidei, com muito zelo e prazer, por nove meses, das mangueiras de Belém, quando fui secretário municipal de meio ambiente, e sei que, na atual conjuntura, não é uma tarefa fácil.

A Semma tem poucos funcionários concursados e quase nem uma estrutura, tudo por lá é terceirizado para umas empresas que tem pouca habilidade e quase nem um interesses em trabalhar corretamente, mas tem fortes padrinhos que garantem sua permanência como prestadores de serviços públicos.

A secretária Camilia, a diretora-geral e os poucos técnicos de que dispõe a Secretaria, amam o que fazem, mas a Semma é vista pelo resto da administração como o patinho feio, querem a Secretaria apenas para liberar licença ambiental, emitir laudos e pagar os contratos adrede preparados.

As mangueiras são altas, frondosas, belas, aplacam o calor, trazem benefícios para a qualidade de vida da Cidade, mas no inverno devem estar firmes para aguentar o tranco das chuvas. O trato da boa podagem para aliviar o peso. Tirar as ervas daninhas colocadas pelos passarinhos que as parasitam é essencial. O exame dos troncos para avaliar o nível de sanidade faz parte da boa manutenção.

Se a PMB fizer o dever de casa, sobrará apenas o imprevisto que está ligado a um vento mais forte ou ao comprometimento das raízes, impossível de avaliar antecipadamente, mas que são responsáveis por uma número bem pequeno destes desastres, como o que ocorreu esta semana.

A árvore que caiu em frente ao Colégio Gentil por sobre uma banca de revista e que quase atingi o prédio histórico onde funciona a Casa do Trabalhador ( e que não foi derrubada pelo dragão da inflação como sugere a bela charge de JBosco) é uma daquelas centenárias filhas da arborização feita no século passado e, do ponto onde estava, deve ter testemunhado muitas transladações e tantos recírios, assistindo a saída da Santa na véspera da grande Procissão e a volta da Imagem quinze dias após ficar a disposição dos romeiros, para receber seus inúmeros pedidos.

Uma outra vai ser plantada no lugar, mas demorará muitos anos para crescer e sombrear a Avenida Magalhães Barata, isto se florescer, pois as atuais condições ambientais são completamente adversas daquelas do início do Século passado, quando Belém tinha pouco mais de 300 mil habitantes e meia dúzia de Ford Bigode, com carrocerias de madeira, fazendo a linha circular externo, rotina quebrada apenas por algumas Rurais Willys compradas na antiga Cobras.

Peço ao próximo prefeito, eleito em novembro de 2012, que dê a Semma a importância ambiental necessária para que tenhamos uma Cidade Sustentável e com uma arborização bonita e saudável.

 

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