Incentivar o uso até da bicicleta?

"Será necessário incentivar o uso até da bicicleta", recomendaram os técnicos do Detran após avaliar que o BRT não será suficiente à solução que precisamos para ter mobilidade na Região Metropolitana. Belém terá 687,5 veículos até 2016, um aumento de 45% em relação a frota atual, agravando ainda mais o problema de deslocamento das pessoas.

É verdade que a bicicleta nunca será o principal veículo usado pelas pessoas na hora de se locomover. Tem gente que nem sabe andar em duas rodas e até sofre por isso.

A bicicleta, quando integrada a outros modos de transporte, sempre colabora para melhorar o deslocamento nas áreas urbanas. As cidades que adotaram a bicicleta e passaram a conviver pacifica e respeitosamente com os ciclistas sabem disso. Amsterdã, Tokyo, Joinville estão ai para provar os benefícios de se deslocar em duas rodas sem emitir gases de efeito estufa.

Foto: Pátio de estacionamento em Amsterdã 

Concluir que devemos incentivar "até" a bicicleta, mostrar muito bem em que lugar do planejamento as autoridades de trânsito paraenses classificam a "magrela". Aqui está o grande erro. Acredito que muitos engenheiros de trânsito não sabem pedalar, trazem o trauma desde criança, por isso sofrem bloqueio mental na hora de pensar sobre os benefícios deste meio transporte.

O planejamento, para ser eficaz, deve partir do pedestre, passando pela bicicleta para depois alcançar os veículos de maior porte e potência. Pensar e planejar a mobilidade com o pedestre e o ciclista por primeiro, dará ao sistema a humanização que ele tanto precisa para ter segurança e fluidez. Caso contrário, estaremos correndo atrás do rabo. Cada vez que construímos a solução errada, ela rapidamente se esgota, trazendo enormes prejuízos e outras frustrações.


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O que contribui para o trânsito saudável é o pedestre, o ciclistas e o passageiro do transporte público, estes sim precisam ser a prioridade do trânsito. A partícula "até" deve ser usada com os automóveis, transporte unipessoal, caro, ineficiente, provocador de acidentes e do caos que hoje vivem as grandes cidades, mas são eles que fazem a fortuna de montadoras, distribuidoras de veículos, fabricantes de autopeças e financeiras. Eles podiam até ganhar dinheiro com a sua indústria, nada contra, mas deveriam contribuir com os custos das cidades que suportam suas máquinas de poluição.

Os carros velozes, cheios de itens de série, que atingem altas velocidades em poucos segundos, se arrastam em poucas velocidades quando estão nos constantes engarrafamentos.

Para ser generoso, acredito que a frase melhor para ficar na cabeça dos planejadores de trânsito seria: "permitir no planejamento, em determinadas áreas e condições, até o uso do automóvel"

 

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