Na sexta-feira, sai com minha família para um passeio noturno por Belém. Dirigi pelas Avenidas Nazaré e Magalhães Barata. Foi o caminho mais longo e tenso que já fiz em minha vida. As ruas (ou seria rua? É uma só, com dois nomes?) estavam molhadas, escuras e um pouco vazias.
Dirigi olhando o tempo todo para os retrovisores. Em cada esquina que parava, tinha a sensação que iria surgir da escuridão da rua um homem encostando uma arma no vidro do carro e ameaçando minha esposo e meus filhos.
Cada moto que parava do meu lado era um susto à mais.
Um grupo de ciclistas vinha pela transversal e minha esposo pediu que eu acelerasse e avançasse o sinal, "podia ser assaltantes, não podia?", disse ela.
A tensão e o nervosismo tomou conta do carro. Começamos a discutir e até a brigar. Achavam eles que eu estava sendo imprudente dirigindo com a velocidade da pista, 40 quilômetros. "Por que você não corre, papai'; disse o meu caçula. Tentei justificar com a obediência as leis de trânsito, minha esposo socorreu o "mais novo" dizendo que era melhor pegar uma multa que correr o risco de sermos assaltados. Ela tinha razão, mas eu não consigo quebrar regras coletivas.
Foi um alivio quando avistei o fabuloso mercado de São Braz, obra do magnifico intendente Antonio Lemos, que o invejoso Lauro Sodré tentou empanar, mandando colocar sua estatua bem na frente, pensando como deveria acabar politicamente com os lemistas. Por falar nisso, quem mandou colocar aquele guarda-chuvas que antes não existia na Praça de São Braz?
Voltando ao assunto. Belém é uma cidade insegura, escura, esburacada. Dá medo andar nas ruas de nossa cidade, infelizmente. A violência tomou conta de tudo e de todos.
Muitos amigos meus já foram assaltados e, no máximo, fazem um boletim de ocorrência eletrônica. Não adianta ir a uma delegacia. Demora muito o atendimento e eles fazem o mesmo que você faz pela internet, registram e fica por isso mesmo. Esse negócio de investigação, caça aos assaltantes, tentativa de recuperar os objetos perdidos é só para filmes de ação, desses que repetem mil vezes nos canais pagos.
Os assaltantes que são presos no Pará, São por pura coincidência. A viatura vai passando na hora do assalto, vê a vítima desesperada, correndo para fazer justiça com auxílio de uns poucos transeuntes que se dispõe a solidariedade, coisa que, por medo, está ficando rara, e age. Prende os bandidos. As vezes são os próprios bandidos que, para se vingar, entregam os comparsas. Quando muito, a policia consegue umas pistas a peso de tortura, que dizem que acabou.
Não tem essa de investigar, usar o aparato de inteligência policial ou as aulas aprendidas na Acadepol. Tudo de investigação só acontece em ficção, nos filmes de Sherlock Holmes ou de Edgar Alan Poe com o seu famoso Auguste Dupin. Aqui, ao vivo e a cores, nosso sistema de segurança pública não é nem sistêmico.
Cada vez a segurança pública do nosso estado se enfraquece perante as quadrilhas. Enquanto a PM está preocupada em mudar o dia do clássico RExPA, dizendo que é para nos dar segurança. Os bandidos entram tranqüilamente na casa de um juiz, no bairro da Marambaia, num conjunto habitacional, fazem a família do magistrado refém, levam tudo o que podem levar, humilham todos e depois partem tranquilos, para gastar o lucro deste bom e gordo assalto.
Todos sabemos que no RExPA e no Carnaval da Orla podem acontecer brigas, e brigas acontecem até no campeonato europeu. Agora assaltos que humilham pobres mocinhas quando voltam das faculdades e dão de cara com um marginal pedindo a bolso e o celular; ou das senhoras saindo dos prédios depois de visitaram um parente e um moleque toma seus pertences na marra; só acontece, de minuto a minuto, aqui em Belém.
Ouvi duas senhoras conversando outro dia sobre o quanto é bom, pelos preços e pela variedade de produtos, comprar no comércio. "E não é tão inseguro, por lá"; disse uma delas. Não é mesmo. No Comércio ainda circulam os velhos "discudistas" e "paqueiros", que antes lotavam o pátio da Central de Polícia. Assaltantes agora estão por todos os lados.
O povo já não aguenta tanta falta de competência e velhas formulas. Está bom, chega de léro léro e quas, quas, quas; apresentem logo um plano para tornar nossa vida mais segura. E isso não é um favor que nos fazem. Pagamos muito imposto para sustentar seus empregos.