Estamos vivendo os novos tempos e novos avanços
tecnológicos que encantam jovens e preocupam os mais velhos. O ideal é
aproveitarmos os avanços da nova sociedade sem perder as coisas boas que
acumulamos ao longo de anos da nossa história civilizatória.
Já pensou em poder falar com qualquer pessoa em tempo
real, mesmo ela estando em Amsterdã? Hoje isso é possível, e é bom. Já pensou em
poder assistir ao vivo os jogos internacionais, vendo a bola entrar no momento em
que de fato o gol está acontecendo? E fazer compras num shopping center, lugar
onde tem de tudo e com todo conforto?
Os mais jovens se adaptam rapidamente e passam o dia
com seus smartphones, teclando nas redes sociais e acessando, através das
páginas de busca eletrônica, um mundo de informações em qualquer área do saber
humano. Isso os encanta e produz muitas mudanças nas suas concepções e visões
sobre a vida.
Os mais velhos olham tudo muito desconfiados. E dizem:
“Os jovens sabem muitas novidades, consomem tudo com voracidade, mas não leem tantos
livros como lia-se antigamente, não decoram quase nada; não querem saber as
fases da lua e sua influência sobre a vida; não identificam os peixes dos rios;
não se interessam pelas plantas que curam; não dão importância aos saberes da
terra; parece que perderam o interesse pelos pássaros e seus cantos bonitos; as
árvores e a floresta não lhes agrada tanto quanto os edifícios”.
O consumismo impera.
À semelhança de uma máquina trituradora, desmancha sociedades e culturas. Contudo, não moi aquilo que é duro e
resistente. Culturas antigas e arraigadas tiram do novo o que de fato pode
contribuir e melhorar a vida das comunidades e das famílias. As populações
tradicionais, com sua experiência acumulada, são fator de resistência que “mesmo desejando a modernidade, se recusa a
deixar-se desintegrar por ela” (Edgar Morin). O conflito entre o velho e novo é o prenúncio do limiar de um
passo histórico da humanidade.
A visão de
Michaël Lowy, com a qual encerro esse artigo, parece adequada para a
reflexão propostas: “Não se trata de
encontrar “soluções” para certos problemas, mas outro modo de vida, que não
será a negação abstrata da modernidade, mas sua superação (Aufhebung), sua
negação determinada, a conservação de suas melhores aquisições e sua superação
rumo a uma forma superior da cultura – uma forma que restituiria à sociedade
certas qualidades humanas destruídas pelas civilizações burguesa industrial.
Isso não significa um retorno ao passado, mas um desvio pelo passado rumo a um
novo futuro...”