A lei é potoca, é esse o virus.

Lúcio Flávio Pinto em um magistral artigo intitulado "O vírus paraense", publicado no Jornal Pessoal, faz um relato histórico dos últimos anos da política paraense e identifica o baratismo e suas regras, sintetizada no bordão "a lei é potoca", como o virus que contaminou a política do Pará desde 1935, sobrevivendo, mesmo sem a presença do seu criador, o general Joaquim de Magalhães Cardoso Barata.

Todas as tentativas que nasceram sem o virus, foram por eles contaminadas. O general Assunção, por ser um Bom Vivant, perdeu a oportunidade de livrar o Pará dessa contaminação. Os militares, pós 64,  caíram nas garras do terrível mal. Almir Gabriel já nasceu inoculado. Ana Júlia teve seu governo capturado pelo mal do século paraense.

E Jatene? Jatene nasceu para política embalado pelo baratismo, desde menino em Castanhal e Igarapé Açu, se criou assistindo os comícios do trem do governador. Quem não se lembra da história política do professor Simão? Secretário de Planejamento do primeiro governo de Jader seguiu ao seu lado durante muito tempo, até cair nas graças do grupo O Liberal de quem é eterno parceiro.

Quais características  desse fenômeno, denominado pelo nome do seu criador?

O baratismo é o governo onde as leis e as instituições são usadaa para ferir os adversários e favorecer os amigos. Os tribunais, o ministério público, a imprensa foram capturados para servi-los. Todas as indicações que dependem de iniciativa política recaíram sobre um baratista. Feito isso, quem for podre que se quebre. Ou adere ou sofrerá os rigores das leis e a força ou a omissão das instituições. Simples assim.

Agora mesmo, na gravação entregue pelo prefeito João Salame ao TRE, ouve-se o prefeito Antonio Armando em alto e bom som dizer que o marido da desembargadora é assessor especial do Governador, cargo arranjado por ele e que por essa razão os votos dela estavam manipulados por ele. A imprensa local abafará o caso, não por que gosta do Armando, até o acha trapalhão e falastrão, mas é para proteger a todos.

O baratismo no Pará se dividiu em dois grupos de comunicação.

O Liberal, originalmente comprado e dado de presente ao General Magalhães Barata, que colocou Hélio Gueiros como responsável pela sua comunicação. Hélio Gueiros mesmo, quando ainda vivo, deu um depoimento sobre os métodos jornalístico do baratismo. Toda vez que um aliado pisava fora do prumo, Barata o avisa da indisciplina e Hélio, concedia um prazo para o arrependimento publicando a foto do indisciplinado de cabeça para baixo. Se dentro de uma semana o indisciplinado não procurasse o chefe para explicar-se, estava decretada sua morte política.

O outro grupo é o Diário do Pará, liderado pelos baratistas, Laércio Barbalho, Neuton Miranda e Aurélio do Carmo.

O jornal do senador Antonio Lemos, adversário histórico do baratismo, pertencente aos Diários Associados, de Assis Chateaubriand, A Provincia do Pará, simplesmente faliu e faliu com TV e Rádio Marajoara. A Rádio Guajará, para sobreviver, foi alugada aos evangélicos.

Os dois grupos, com suas forças auxiliares, marcaram um mano a mano nesse eleição de 2014. É mais um round, dee tantos outros já disputados. O povo e o Pará se dividiram para escolher o mesmo método de governar. E depois das eleições, ganhando um ou ganhando outro, nada mudará. A lei e as instituições continuarão sendo potoca.

É por essa que tenho dito: soluções novas não mudam velhos problemas, devemos buscar um novo caminhos para seguir rumo a outro futuro.
 

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