A propaganda dizia que o ato do Primeiro de Maio era
unificado, assim anunciaram as centrais sindicais, me animei e fui para lá. O
que vi me entristeceu. Encontrei três
bolinhos de sindicalistas, cada um entorno de um carro som próprio, fazendo
discursos violentos para eles mesmos satisfazerem seu ego.
O sindicalismo brasileiro retrocedeu. Havíamos avançado rumo
a construção de uma central sindical única com objetivo de combater a estrutura
sindical varguista, sustentada pelo famigerado imposto sindical. Demos largos passos. Muitos dirigentes sindicais acabaram assumindo postos de comando dos seus estados e do país.
Sonhávamos com um sindicalismo classista, combatendo o
corporativismos que nos dividia. Hoje, somos tudo o que queríamos mudar. Nunca estivemos tão divididos. Somos sindicatos fracos, com pautas corporativas e sustentados por
dinheiro de um substituto do imposto sindical.
Este foi o quadro que vi nos três pequenos bolinhos de
sindicalistas que estavam nas praças do Operário e da Leitura. Divididos e fracos.
As grandes empresas que estão se instalando no Pará devem estar felizes. O governo de banqueiros, madeireiras, mineradoras exultam com a divisão dos trabalhadores. Sindicalistas, enquanto isso, olham para os seus belos umbigos escondido, embaixo das camisetas com belas palavras de ordem.
O exemplo da danosa desinteligência dos sindicalistas foi o protagonizada
recentemente no episódio de negociação da Intersindical com o governo do estado. Cada
sindicato chegou na mesa com um número diferente de perdas. A secretária Alice
Viana deitou e rolou na falta de unidade.
Os dirigentes sindicais precisam ter coragem e romper com o
atual estágio. Partir para construção de uma pauta comum. Cada Central Sindical poderia criar, em sua
estrutura, um grupo de dirigentes dedicados a construir uma pauta cidadã, tipo
objetivos do milênio. Com bandeiras nacionais e estaduais de um futuro comum.
Lembrem-se que a história não registra o nome de nenhum sindicalista que se
contentou apenas em lutar, ano após ano, para repor perdas salariais de menos de dois dígitos e fazer
discurso radical que não corresponde a prática.