Pará tem direito a uma terceira avenida

Belém tem apenas duas saídas rodoviárias que acabam em apenas uma, depois de certo trecho. Almirante Barroso ou Avenida Centenário? Qualquer das duas que você escolher acabará na mesma BR 316. Isto é inadmissível para uma Cidade que já foi a mais importante cidade do novo continente. Capital da borracha. Capital das grandes navegações. Capital cultural com cara de cidade européia não podia acabar sem várias opções.

O Pará, como Belém, nos últimos tempos tem sempre duas saídas políticas para os seus problemas e que acabam se misturando e parecendo uma só, para a nossa ligação com o Brasil e com o mundo.

Quando Caldeira Castelo Branco saiu daqui preso, nosso destino político ficou nas mãos de Bento Maciel Parente e Pedro Teixeira, este dois mataram a nossa terceira via, o representante do povo nativo, o cacique Guaimiaba, chefe dos tupinambás. 

Depois da derrota dos tupinambás, levou anos, mas os paraenses das cabanas voltaram e lutaram por uma terceira via. Eduardo Angelim e seus guerreiros foram mortos. Voltamos a ficar com apenas dois projetos.

Antonio Lemos e Lauro Sodré brigaram feio para ver quem administrava o nosso desenvolvimento. Antonio Lemos perdeu. Os lauristas mandaram por muito tempo, seja través do próprio Senador ou do seu indicado, o general Magalhães Barata. As duas forças brigaram anos a fio, apresentando-nos sempre duas ruas para caminharmos rumo ao futuro que nunca chegou.

Até na ditadura militar, regime de excessão, ficamos nas mãos de apenas dois coronéis. Jarbas e Alacid reinaram e a terceira rua não podia aparecer como alternativa para o nosso desenvolvimento e bem estar. 

Hoje, em pleno século XXI, o Pará tem enormes desafios pela frente. Isto é bom, desde que tenhamos opções para escolhermos a melhor saída em direção ao futuro. O maior dos nossos desafios parece ser fazer chegar os benefícios do progresso e da exploração dos abundantes recursos naturais à casa dos mais pobres. Desenvolver o Pará cuidando do meio ambiente e das pessoas parece ser um alternativa importante para se levar em consideração.

O nosso modelo de crescimento implementado paraense até hoje, baseado nas duas únicas opções políticas, todas de crescimento sem sustentabilidade e de exploração pelo extrativismo dos recursos, enriqueceram poucos e não apresentou resultado satisfatórios para a maioria excluída. 

Duas ruas, duas vias, velhas estradas tantas vezes trilhadas, que acabam sempre no mesmo caminho, o caminho da exclusão da maioria. 

Sei que temos no Pará outras propostas e outras alternativas. Elas precisam ser apresentadas. Torço para que os tupinambás, os cabanos e tantos outros não se intimidem e apresentem suas opções. Vamos debater e encontrar caminhos novos para os nossos velhos problemas.








 

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