Nunca foi tão palpável a possibilidade do estado Pará
atingir o mais alto nível de desenvolvimento da sua economia. Isto apesar dos
governos. Pena que o resultado não será para nós paraenses. Pena que tudo será
feito sem respeitar o meio ambiente. Pena que o nosso futuro está
irremediavelmente comprometido.
O que me leva a afirmar isto é a certeza que não temos
dirigentes a altura deste momento. Os
diretores das organizações mais fortes, importantes para conduzir o
desenvolvimento e leva-lo ao caminho da sustentabilidade, para atender as
nossas expectativas históricas, estão interessados em seus pequenos interesses.
Empresários da ACP e da Fiepa foram dominados pelas grandes
corporações. Perderam a capacidade de pensar e lutar por um futuro melhor para
toda a sociedade. Estão, na sua maioria, preocupados em fechar negócios
periféricos.
Os políticos, eu os dividiria em duas categorias. Os
negociantes e os que estão de olho na próxima eleição.
Os negociantes usam a força dos mandatos, as instituições
que fazem parte, sem nenhuma cerimônia, para obter vantagens das empresas e
simplesmente facilitam os caminhos delas a exploração dos recursos naturais.
Os que pensam apenas nas próximas eleições acabam, de boa fé,
fazendo o jogo dos grandes empreendedores desde que eles não mexam no seu
pequeno feudo político e ainda garantam uma pequena ajuda financeira na próxima
campanha.
As secretarias estaduais estratégicas para discutir com os
grandes empreendedores em alto nível os melhores interesses do povo paraenses,
estão dominadas por uma lógica que é facilitar-lhe os negócios, arrancado
pequenas vantagens imediatas para as obras de governantes de plantão. Um taxa de
mineração negociada virá uma ganho inimaginável. Um posto de saúde é um troféu.
Verba para policia mandar meia dúzia de homens proteger o canteiro de obras é
um grande feito.
A nossa OAB Pará, por mais boa vontade que tenham seus conselheiros,
diretores e membros de comissões, está solitária e ficando assoberbada, tamanho
é o número de demandas que se vê obrigada a abraçar.
Partidos políticos, sindicatos, associação de municípios
foram garroteadas pelas disputas internas. Os partidos querem ter força para
receber uns carguinhos e com isso atender as bases. Os sindicatos disputam
sindicatos para aumentar o naco do imposto sindical. As associações viraram
feudos das candidaturas dos federais e senadores. A AMAT, maior e mais
poderosas delas, dá até pena ver em que se transformou.
Os grupos de imprensa saíram do nicho da informação e foram
explorar políticas e outros negócios que dependem das corporações, perdendo a
capacidade de informar e formar bons debates.
Se a Rede Celpa, privatizada duas vezes, não atrapalhar,
poderemos acender uma única luz no final do túnel.
As união de poderosos agentes em prol da construção de um
novo modelo de desenvolvimento paraense. Quem seriam esses agentes?
Sugiro que a CUT, a UGT, a Força Sindical, aproveitem o
primeiro de maio, se unam a OAB Pará, chamem as universidades federais e
estadual do Pará para uma boa conversa sobre desenvolvimento sustentável.
É bom crescer, ter hidrelétrica, ter mineradora, ferrovia e
portos, mas não é bom ter adolescentes mortos, prostituição, violência no
campo, baixo serviço de saúde pública, rios contaminados, desmatamentos e um
futuro ameaçado.