Soube que nesta semana uma comissão de senadores visitará as obras de Belo Monte para cobrar o cumprimento das condicionantes. As condicionantes são as exigências em favor do povo, das comunidades tradicionais, do meio ambiente, das empresas locais e são importantes que sejam cumpridas.
Fiquei feliz ao saber disto, mas logo fiquei muito triste. A OAB Pará não foi convidada. Nem uma entidade da sociedade civil do Pará foi convidada. Por quê?
Quando soube o nome dos integrantes da tal comissão, fiquei mais triste ainda. Dalcídio Amaral é o presidente. Flexa Ribeiro e Ivo Cassol são os membros. Quem este senadores representam e o que interesses defendem?
Dalcídio Amaral é engenheiro eletricista que ajudou a implantar a hidrelétrica de Tucuruí, foi Ministro das Minas e Energia do governo Itamar, foi responsável pelo planejamento energético do sul e diretor da Eletrobrás. Por tanto, ligado ao setor elétrico.
Ivo Cassol é empresário do setor madeireiro e da geração de energia hidráulica em Rondônia, possuindo 06 pequenas hidrelétricas. É muito rico e sua fortuna começou na exploração de mogno e cerejeira na região intocada da Zona da Mata rondoniense.
Flexa Ribeiro é engenheiro civil e empresário do setor de construção civil, presidiu o Sindicato da Indústria da Construção do Estado do Pará (Sinduscon/PA) e a Federação das Indústrias do Estado do Pará (Fiepa). Também é diretor da Confederação Nacional da Indústria.
Estes senadores vão a Belo Monte defender os interesses do povo e do Pará? O que podemos esperar dessa visita? Vão defender o meio ambiente, os índios, as comunidades ou apoiar a continuidade da obra a qualquer custo?
Esta comissão deveria ter pelo menos um membro mais isento, mais favorável as causas ambientais e sociais, mas parece que não é o forte da história pessoal e empresarial destes senadores. É um prazer receber representantes da mais alta câmara, mas não assim.
O que fazer?