No artigo anterior, defendi eleições
diretas para reitor da UFOPA. Agora, quero tratar do futuro das pessoas que
moram na margem esquerda do rio Amazonas.
Somos uma civilização consumidora de
energia. Nosso modo de vida contemporâneo
depende, desesperadamente, de muita energia. Os alimentos precisam ser
resfriados, conservados e congelados. A energia é fundamental para fazer
funcionar os refrigeradores. Os celulares, os notebooks, os tablets e aparelhos
que nos colocam no futuro e conectados com o mundo são todos carregados nas
tomadas espalhadas pelas residências.
A vida dos nossos avós prescindia do
uso de tanta energia. Alguém já ouviu falar em mixira? Era uma forma de
conservar os alimentos sem usar energia. As carnes eram preparadas e
mergulhadas em banha, onde ficavam armazenadas por muito tempo à espera do
consumo. A água para beber era resfriada em potes ou moringas de barros.
Desaprendemos as antigas tecnologias e já não faz sentido regredir nossa forma
de vida. A civilização caminha para frente. E por que se preocupar? Energia
aqui não é problema. Temos para dar e vender.
O Pará está se transformando num
grande estado produtor de energia. A Usina Hidrelétrica de Tucuruí é a maior
usina exclusivamente brasileira. Belo Monte está sendo construída e logo
entrará em operação. Depois, será vez da
UHE de Marabá, já licitada. O Governo Federal estuda o aproveitamento do rio
Tapajós onde construirá a UHE de São Luís do Tapajós e tantas outras mais, para
aproveitar o nosso potencial hídrico que é enorme.
Contudo, a margem esquerda do rio
Amazonas, é abastecida até hoje por sistema termoéletrico a diesel. Embora
abasteça parte das residências, este tipo de energia é caro e poluente. E o que
é pior, não garante energia estável para implantação de indústrias que geram
emprego.
O Governo Federal, em seu
planejamento energético, atravessou o Amazonas e construiu um linhão em 500
KVolt, trazendo energia firme e limpa de Tucuruí para Manaus e Macapá. Uma
belíssima obra de engenharia. As duas torres atravessando o Rio rivalizam com a
famosa Torre Eiffel e já fazem parte da paisagem de Óbidos, disputando espaço
com os canhões do forte deixados pelos colonizadores portugueses. A energia
chegou, mas ainda não está nas casas.
A energia do projeto federal será
entregue à CELPA em uma subestação em Oriximiná. De lá, a Distribuidora
Paraense deve construir obras e linhas para atender os municípios de Oriximiná,
Óbidos, Juruti, Alenquer e Monte Alegre. A linha Óbidos-Juruti, ao atravessar o
rio Amazonas, o fará por via submersa. Já as linhas Oriximiná-Faro-Terra Santa,
Óbidos-Curuá e Monte Alegre-Prainha serão todas em 34,5 Kvolt.
A CELPA privatizada faliu. Foi
vendida novamente. Agora atravessa uma fase financeira difícil e não deve ter
em seus cofres o dinheiro suficiente para construir as obras necessárias para
que a energia firme e limpa torne-se realidade para o povo.
O povo quer energia. O povo tem
direito à energia. Como faremos para atender a população? É um desafio
importante que merece inteligência e união. Afinal, não será nada agradável ver
a energia produzida no Pará passar em grossos cabos e grandes torres, indo
diretamente para Manaus e Macapá, deixando a população do estado produtor carente
desse que é um bem essencial para o nosso modo de vida moderno.