O movimento não é por centavos
Hoje, participei da manifestação em Belém. Nunca pensei que ia presenciar este momento no Brasil. Jovem, com cartazes, com frases políticas, num movimento completamente pacíficio, disseram para o país que nunca mais vão aceitar que a classe política e dirigente continue a praticar desmandos e corrupção.
A manifestação repudiou a presença de partidos políticos. Os manifestantes insistiam em declarar que não se sentiam representados por nem um dos partidos e nem políticos. Tomei um choque inicial com tanta veemência deles em relação as instituições partidárias. Ele diziam que os partidos, todos, são oportunistas e usam as manifestações para promover seus acordos ou usar em propagandas atrás de votos, sem merecê-los.
O movimento colocou em cheque o poder instituindo no Brasil. As palavras de ordens não deixaram dúvidas: "resistência se tornou um dever".
Foram muitos anos de abusos que agora explodiram nas redes e depois nas ruas. Corrupção e ineficiência no trato da coisa pública não serão mais suportadas, avisaram os novos caras pintadas. Estádios de futebol caríssimos enquanto o povo não tem hospitais, nem escolas e muito menos boas estradas.
Tudo começou por causa de vinte centavos de reajuste na passagem de ônibus, mas foi a gota d'água para lutar por direitos violados e abusados.
Fui deputado do PT, naquela época, o PT é que organizava as manifestações e só os partidos de esquerda participavam. Outros partidos, tidos como de direita, eram banidos das manifestações. Os partidos tradicionais continuam banidos, mas agora os manifestantes botaram para fora os partidos de um modo geral.
Sei que muita gente, integrante dos partidos banidos, está, neste momento, chamando os manifestantes de direita ou despolitizados. Isto não resolverá o problema. Uma autocrítica sincera é o melhor caminho.