O império da lei há de chegar

Quem me acompanha, sabe que à muito venho denunciando a existência de grupos de extermínios aqui no Pará. Todos os dias, basta ler o que os jornais ainda conseguem publicar para ver que são muitos jovens mortos do mesmo jeito.

Duas pessoas em uma moto ou de bicicleta - a escolha do meio de transporte dos demônios da morte depende muito da pessoa que vai ser executada e do local onde mora, - chegam, encurralam a vítima, e, na frente de passantes e vizinhos, descarregam suas armas, um corpo fica estirado no chão da rua de uma bairro periférico da Grande Belém.

A equipe da polícia que chega ao local, parece saber os motivos antecipadamente e faz muito pouco do que deveria fazer em termos de investigações, apenas registra o fato com informações de praxe, acrescida da observação: tratou-se de acerto de contas.

Os meses passam e não se vê uma só providência no sentido de acabar com os crimes. Lembro que anos atrás, mataram um líder comunitário do bairro do Jurunas. Acompanhei as noticias desse caso. O rapaz, líder dos moradores de uma área, cansado da violência, resolveu ajudar a Polícia expulsando ou denunciando os bandidos que tentavam controlar a área, até ficar jurado de morte. Avisou a Segurança Pública. Pediu proteção. Nada foi feito e os bandidos cumpriram a promessa, executaram o rapaz. Quando li a noticia, disse aqui do blog: é hora da polícia mostrar de que lado ela está e fazer da investigação e punição dos culpados, um símbolo para toda cidade, mostrando quem manda.

Os crime dos líder comunitário caiu no esquecimento e os bandidos tomaram conta da área e se espalharam por todos os bairros. Os líderes comunitários foram para dentro de suas casas, colocaram grade nas portas e nunca mais denunciaram os bandidos. Fizeram com eles um pacto de não agressão.

A morte dos onze, sendo um PM na inatividade e dez desconhecidos, trouxe o pânico para uma cidade sitiada. Não foram os boatos que fizeram o pânico, foi o pânico instalado nos bairros que fez crescer a onde de boatos nas redes. Quem mora nas periferias da nossa região metropolitana conhece o terror de verdade e as pessoas falam disso com uma certa naturalidade.

Outro dia, fui a um velório de um integrante de torcida organizada. Eles estava furiosos com o assassinato do colega e prometiam vingança. Falavam abertamente em executar 25 do outra lado para comemorar 25 anos da torcida organizada.

O Governo do Pará precisa, imediatamente, admitir o problema, perceber sua gravidade e se abrir sinceramente para a colaboração de setores da sociedade. O objetivo deve ser apenas um, fazer triunfar o estado democrático de direito, investigando e punindo quem estiver fora da lei, seja quem for, que patente tenha, que grau de amizade possua. Pode ser coronel, pode ser deputado, pode ser amigo de político, pode ser um rico empresário. Seja quem for, deve sofrer os rigores do império da lei.


 

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