Em março de 2013, dr. Jorge Pimentel e o empresário Luciano Capacio foram abatidos à tiros quando jantavam em uma lanchonete em Tomé Açu. O pistoleiro chegou e foi logo atirando em Luciano. Dr. Jorge correu desesperado, saiu da lanchonete e dobrou em direção ao socorro de seu lar, mas não andou dez passos e foi alvejado nas costas por um segundo pistoleiro que estava escondido no muro, ao lado da lanchonete. Pimentel, homem bom e dedicado aos pobres, caiu com o rosto na vala. Logo as pessoas se aglomeraram em torno dos dois cadáveres, mais dois mortos na extensa lista de assassinatos por pistolagem naquele Município.
A OAB, logo que tomou conhecimento, mobilizou-se cobrando apuração. Apesar da enorme pressão política querendo desviar a causa dos assassinatos, os investigadores da Polícia Civil fizeram um excelente e minucioso trabalho e chegaram aos culpados. O prefeito Carlos Vinicius, seu pai Carlos, um agenciador e dois pistoleiros. Pronto estava completo o inquerito policial. A Justiça paraense recebeu o denúncia e logo decretou a prisão dos acusados. Dai por diante, começa uma saga dos poderosos para livrá-los da cadeia.
O prefeito, seu pai e o agenciador escaparam, fugiram com ajuda de pessoas com forte ligações políticas. A Câmara Municipal manteve o prefeito, mesmo acusado e com prisão preventiva decretada, no cargo. A Polícia não sabia ou fingia não saber o pradeiro deles. E assim, o inquérito estava paralisado.
Os advogados da comissão de prerrogativas e a diretoria da Ordem, inclusive o Conselho Federal conseguiram que a Câmara cassasse o mandato do prefeito. Mas ele continuavam foragido. As pressões aumentaram. A Polícia e o Governador do Pará não tinha mais explicações para dar a população. Um dia, sem querer, a Polícia encontra o acusado em um estacionamento de Brasília. Carlos Vinicius estava preso. Seu pai e o agenciador continuavam foragido.
Não havia comemoração. Muito ainda faltava ser feito. A Justiça precisava prosseguir no julgamento, como se ainda haviam foragidos? Mal tínhamos recebido a noticia da prisão do Prefeito, um habeas corpus foi deferido pelo Ministro Marco Aurélio Melo e mandou soltar todos, os que estavam presos e os foragidos.
Uma ano se passou, e o que temos a constatar? A impunidade continua sendo a grande marca do estado do Pará. Muitas pessoas foram mortas nesses tempos, inclusive a advogada Leda, assassinada barbaramente em Itaituba, foi crime passional, mas tem em comum com o assassinato do dr. Jorge o fato de ter sido executado com a contratação de pistoleiro. Pistoleiro e impunidade é o que manda no Pará.
Publicado no Jornal Estado do Tapajós