Uma cerimônia para o espírito de Guimiaba

Estamos cansados das brigas políticas dos nossos caciques. Jader e Jatene brigam novamente depois de anos de amizade e brigas.

E por que eles brigam?

Por mim?

Por você?

Por nós?

Nós queremos saúde, mas eles brigam por cargos. Nós queremos educação, mas eles brigam pelas próximas eleições. Nós queremos distribuição das riquezas, mas eles brigam por financiamento nas campanhas.

A história do Pará começou a partir de um briga lá em São Luís do Maranhão. Brigaram Francisco Caldeira Castelo Branco e Jeronimo de Albuquerque. A desavença foi grande e quase pôs a dominação de São Luis a perder. Para evitar o pior, Alexandre de Moura dividiu a dupla de brigões e mandou Castelo Branco fundar Belém.

"O governo de Francisco Caldeira, à frente da nova colônia, foi considerado autoritário e desagregador, razão pela qual, já em 1617, um memorial do Governador-Geral do Brasil, dirigido ao rei de Portugal, solicitava que ele fosse removido daquele posto "onde faz mil desconcertos, desaquietando os índios, pondo em seu lugar outra pessoa que os conserve como convém, para não se rebelarem"."

Castelo Branco foi removido e preso, mas o germe da discordia ficou aqui entre nós e até hoje produz divisões que em muito nos prejudica.

Lauro Sodré e Antonio Lemos viviam às turras. Barata e Assunção eram como cão e gato. Nem a didatura militar aqui foi unida. Alacid e Jarbas se dividiram no poder militar. Jader e Hélio brigaram muito. Jarbas e Jader também brigaram. Almir Gabriel não podia ouvir o nome de Jarbas e nem de Jader que dava ataques. Jatene, dizendo que queria união de todos, ganhou duas vezes, mas governou discriminando e brigando, agora rompe mais uma vez com Jader e se atacam mutuamente.

Depois da partida de Castelo Branco, Pedro Teixeira e Bento Maciel Parente ficaram e brigaram, nessa briga resolveram exterminar os paraenses que viviam em estado natural.  Houve então um grande massacre aos índios Tupinambás, resultando na morte do cacique Guimiaba.  

Os pajés tupinambás, após a morte do líder também conhecido como "Cabelo de Velha", se reuniram e decidiram conclamar os deuses a espalhar ainda mais o espirito da discórdia deixado aqui por Francisco Caldeira Castelo Branco. Para os índios, enquanto os chefes brancos cuidarem apenas de explorar estas terras, menosprezando a gente simples daqui, não haverá paz. 

Os caciques brigam, enriquecem, brigam, enriquecem mais ainda. Os interesses do povo do Pará nunca foram defendidos. Chega. Vamos fazer uma cerimônia para o espirito de Guimiaba. Vamos exorcizar estes homens do mal. Vamos implantar a paz em defesa da nossa gente.
 

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